O começo de tudo...

O começo de tudo...

Decorria o ano de 1975, vivíamos num Brasil pôs Revolução Democrática de 1964 e estávamos submetidos ao regime de governo militar, sendo então o Presidente da República, o General de Exército Ernesto Beckmann Geisel. Seu governo foi marcado pelo início de uma abertura política e amenização do rigor do regime militar brasileiro, onde encontrou fortes oposições de políticos chamados de linha-dura. Durante sua incumbência ficaram marcados os seguintes acontecimentos: divisão de Mato Grosso e a consequente criação do Mato Grosso do Sul, reatamento de relações diplomáticas com a República Popular da China, reconhecimento da independência de Angola, realização de acordos nucleares com a Alemanha Ocidental, início do processo de redemocratização do país, extinção do AI-5, grande adiantamento da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Nesse contexto de grandes mudanças, um grupo de 526 jovens adolescentes provenientes das mais diversas camadas sociais e de diversos estados do país, buscando um futuro para suas vidas deixaram seus familiares para abraçar a vida marinheira, naquele distante ano de 1976.

Nascia ali o perfeito entrosamento da TURMA MIKE que, segundo os seus integrantes, é a “Maior e Melhor Turma da EAMCE”. Novos amigos iniciariam uma longa história de amizade que resiste ao tempo. Alguns solidificaram esses laços de amizade tornando-se cunhados e compadres, outros acolheram os oriundos de cidades distantes de Fortaleza, no seio de suas famílias, em uma verdadeira demonstração de solidariedade formando assim, a “Família MIKE”.

Após a cerimônia de formatura, em 31/03/1977, quando todos estavam plenamente familiarizados com as tradições navais e movidos pelo ideal de bem servir à Pátria, os rumos tomados foram diversos a começar pelo embarque da turma de 414 marinheiros recém-formados, em navios distintos e em dias diferentes. Muitos não permaneceram na Marinha e se desligaram após o cumprimento do compromisso inicial. Alguns foram para a Marinha Mercante e outros retornaram aos seus estados de origem, mas todos, porém, permaneceram imbuídos do verdadeiro censo de civismo e amor à pátria, que não se manifesta apenas dentro de um uniforme. Todos nós, de certa forma continuamos marinheiros, porque a Marinha do Brasil e os sentimentos e boas lembranças, não saem de dentro de nós.

Em cerimônia presidida pelo Contra-Almirante ARTHUR RICART DA COSTA, Comandante do Terceiro Distrito Naval, Governador do Estado do Ceará, Cel. ADAUTO BEZERRA, Comandante da 10ª Região Militar General MILTON TAVARES DE SOUZA, o Comandante da EAMCE, Capitão de Fragata JACOB ENNES DA SILVA FILHO, em sua Ordem de Serviço orientou:

“Marinheiros da Turma MIKE da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará.

Hoje vocês iniciam uma nova etapa. Posso afirmar, falando na nossa linguagem marinheira, que chegou o exato momento de preparar para suspender, guarnecer o detalhe especial para o mar (DEM), e largar as espias para uma primeira viagem ao novo porto de destino. A partir do instante em que vocês entrarem nos portalós dos navios transporte “SOARES DUTRA” e “BARROSO PEREIRA” essas fainas marinheiras serão de rotina na vida de vocês.

Chegou, portanto, a hora da partida.

Não faz muito tempo já cerca de quatorze meses, após uma seleção de pouco mais de 5.500 candidatos, vocês aí chegaram para receberem os primeiros ensinamentos. Na época, faziam parte de 526 aprendizes aqui matriculados. Agora são 414 marinheiros integrando a nossa Marinha do Brasil.

Lembre-se que a Marinha seleciona e só os mais fortes e os melhores chegarão aos postos mais graduados.

Estejam certos que vocês escolheram uma brilhante carreira. Mas é preciso estar consciente que a vida do Marinheiro é toda de paciência, de vigilância, cheia de cuidados e de responsabilidades, isto porque os perigos da vida do homem do mar incutem nos ânimos não só o valor, mas o profundo sentimento do dever e do amor.

Estejam sempre atentos para não saírem do rumo.

Confiram a todo instante os pontos de uma ortodromia (é a linha que une dois pontos à superfície da Terra, à qual corresponde o caminho mais curto entre eles. Este é o sentido normalmente atribuído no âmbito da navegação marítima ou aérea.), previamente traçada a fim de se certificarem de que o barco está bem navegando para levá-los ao porto desejado“.

Atualmente, depois de muita estrada percorrida e cada um com suas experiências vividas, maduros e cada vez mais conscientes de seus papéis na sociedade brasileira, com suas famílias estruturadas e realizados dentro de suas carreiras e profissões, voltam a reunir-se e resgatar as boas lembranças de todos aqueles saudosos momentos vividos na inesquecível ESCOLA DE APRENDIZES MARINHEIROS DO CEARÁ.

 

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